sexta-feira, 25 de janeiro de 2008



O que é Punk?

Por Vanderlei MUNIZ



Os punks são um movimento cultural e ideológico que visa à transformação na sociedade que busca justiça através de sua contra -- cultura que nega todo o lixo cultural que é imposto pela burguesia. Os punks não são uma gangue, muito pelo contrário, os punks são uma irmandade, eles pregam a paz e a solidariedade entre os seres humanos e até os outros animais.( Pois os punks preservam a natureza). Mas e porque se vestem de maneira diferente?É moda?
Não nada do punk é moda, e sim um "modo" de vida. Esse grupo apresenta um conjunto de valores e idéias que, normalmente, se contrapõe à ideologia (?)vigente. Um jovem ao raspar parte do cabelo (moicano) ou pinta-lo de verde ou qualquer outra cor que seja diferente , deseja de alguma forma chocar e agredir os valores sociais que julgam conservadores, ou melhor, "primitivos". É uma forma particular e ao mesmo tempo grupal de protestos. O visual punk(que você deve pensar que é ridículo) é a negação do consumismo e todos os padrões estéticos vigentes, apesar de representar também o caos em que vivemos. A sua simplicidade é uma forma de protesto contra a classe dominante.
Mas apesar de ser o visual uma grande forma que contribui, o punk não se identifica apenas pelo visual e sim por sua postura ideológica e principalmente "suas atitudes". Grande parte são jovens que em sua maioria começaram a sua revolta pela falta de emprego ou oportunidades nesse mundo capitalista (devido é lógico a situação de miséria), mas tarde se tornam rebeldes com causa, é como disse o filósofo Leon Tolstoi: " Primeiro mude a si mesmo para depois querer mudar o mundo". Significa dizer que a revolução primeiramente deve ser psicológica, que dá-se dentro do próprio indivíduo para depois pensar na revolução social.
Mas o punk não vive só de negar o sistema, eles apontam uma opção de luta por uma vida livre. O punk tem mil motivos para se revoltar, por isso revida sem limites. O punk se opõe e odeia todo tipo de poder ou autoritarismo, tudo que oprime a liberdade de se expressar e de pensar do ser humano, por isso eles dedicam a sua vida na luta por uma nova sociedade livre de qualquer preconceito, exploração. E essa sociedade é claro que só pode ser a plenitude de uma sociedade anarquista. O punk é anarquista por essência, é libertário por convicção e não por conveniência, por isso ele anarquiza o cotidiano e cotidianiza o anarquismo. Estão todos juntos pela mesma causa, mas cada um é anarquista da sua forma, do seu jeito, por isso cada um tem seus metodos, na maioria das vezes a "ação direta", mas o que é mais importante é que faça valer o seu lema " do it by yourself"(faça você mesmo), por isso o punk além do altruísmo, significa também "responsabilidade". Uma de suas formas de protesto, de diversão, e de principalmente, divulgar a sua ideologia, é através também da música, "O Hardcore", um som simples e direto, que abordam letras coerentes com temas políticos, envolvendo a "realidade incógnita", é um som incomercializável, a palavra "fama" é estranha à essência do hardcore, pois não tem afinidade alguma em produzir lucro.
"A dança", é o pôgo a qual expelem sua angústia, o seu sentimento, de emoção e repúdio. O punk é um ser humano como outro qualquer, mas com uma vantagem, são mais sensíveis porque vivem a "cruel realidade", não se deixam manipular pelas instituições dos poderosos, por isso, quanto mais sabem a realidade que os outros seres humanos não conseguem enxergar (mesmo na sua frente), mas ele se sente ofendido e a vontade de lutar aumenta, por isso ele é um ser aflito, sua rebeldia não é à toa e sua revolta é crescente, a sociedade está em decadência e tudo o que nos rodeia nos transmite repúdio.
Pois ele ama o seu ódio e o amor, a coragem e o ódio juntos são mais fortes do que a hipocrisia e a ganância, mas o seu coração é muito forte e por isso resistiu até o fim, pois ele faz acontecer!

A VIOLÊNCIA PODE PARTIR DE QUALQUER UM...

Por Vanderlei MUNIZ

Depois dos recentes episódios de explosão violenta ocorridos entre gangues de punks e skinheads na cidade de São Paulo, a imprensa logo tratou de abordar o assunto estabelecendo co-relações musicais entre os envolvidos no assunto e suas supostas “ideologias” vigentes. É claro que deve ter muito pai arrancando os cabelos de preocupação ao descobrir que o filho escuta os mesmos Ramones e Sex Pistols que aqueles homens de cabelo moicano que mataram um sujeito porque ele não quis dar um desconto na pizza. E também sei que os menos esclarecidos podem estar de olhos esbugalhados para aquele cara com a camisa do Cólera ou do Olho Seco no metrô, enxergando nele um assassino em potencial.
Para evitar tamanhas distorções, cabe aqui uma breve explicação.
Surgido na década de 70 e inspirado no retorno aos acordes e melodias básicos dos princípios do rock n’ roll (devidamente temperado com peso e velocidade, é claro) promovido por bandas como Stooges, New York Dolls e Velvet Underground, o punk é um gênero musical cujas letras e manifestações sempre estiveram ligados a dois pilares essenciais. O primeiro deles é o chamado do-it-yourself, a filosofia de que você pode fazer, artisticamente, o que quiser como quiser e a hora que quiser, sem depender de editoras para lançar o seu fanzine ou o seu livro, sem precisar de gravadoras. Era tudo feito na raça, na base do suor e da brodagem, da camaradagem mesmo — e que, na era da internet, do MP3, dos sites pessoais e blogs, dos downloads gratuitos e do iPod, jamais esteve tão moderno e atual. Sobre isso a gente já falou por aqui e ainda deve falar muito nos próximos anos.
O segundo pilar sobre o qual sempre se sustentaram a maior parte das bandas punk é o discurso de protesto — e acredito é que neste ponto é que exista uma boa dose de confusão, especialmente por causa das frases de efeito levantadas, com punhos cerrados e caras de mau, pelos recentes agressores paulistanos. É comum ver os músicos do “movimento” punk expressando seu descontentamento contra o capitalismo selvagem contra a própria indústria musical. Às vezes, a “vítima” pode ser ainda aquela coisa indistinta e amorfa chamada “sistema”, uma massa estranha que ninguém sabe direito definir o que é, nem onde começa ou termina. Mas não quero entrar neste tipo de juízo de valor neste texto, vamos guardar este papo para depois.
O fato é que o punk NUNCA esteve conectado a qualquer incentivo da violência. Anarquia jamais foi sinônimo de bagunça – -anarquia é um conceito surgido na Grécia antiga, o “não-governo”, uma proposta de organização do povo e para o povo, sem a presença de figuras de poder ou hierarquias patriarcais. Não quero me alongar em uma espécie de aula de política ou sociologia para não resvalar para o enfadonho, mas é preciso deixar claro que anarquia nunca foi uma bandeira obrigatória para guerreiros. Cada um faz e entende a revolução do jeito que quer. O russo Mikhail Bakunin (1814-1876) acreditava na anarquia das barricadas, dos punhos e das bombas, da revolução por meio da destruição. Mas nomes como Leon Tolstoi (1828-1910) e mesmo o indiano Mahatma Gandhi (1869-1948) botavam fé na revolução individual, que acontece dentro de cada um e no dia-a-dia, na anarquia pacifista, na mudança através do amor e da educação. E aí? Quem você prefere seguir?
Dizer que estas pessoas, estes punks em batalhas campais contra os skinheads do outro lado da montanha, manifestam um comportamento violento por conta da música que ouvem é o mesmo que afirmar que o jogo de RPG forma psicopatas latentes ou games de tiro podem transformar qualquer adolescente em um homicida da noite para o dia. É muita inocência e maniqueísmo acreditar que as coisas se desdobrem sob uma ótica tão simplista e fora de contexto. Este tipo de influência depende da personalidade de cada um, de sua criação em família e no grupo de amigos, de sua forma de ver a realidade e de mais uma série de fatores que qualquer bom psicólogo pode explicar com muito mais fundamento.
Existem pagodeiros assassinos, funkeiros assassinos, jogadores de RPG assassinos, jogadores de futebol assassinos, punks assassinos, yuppies assassinos, nerds assassinos, geeks assassinos, executivos assassinos, patricinhas assassinas. Em resumo: as pessoas podem matar, independentemente do que elas ouvem, assistem, vestem ou bradam aos quatro ventos, ou mesmo dos rótulos que a sociedade insiste em colocar-lhes.
A idéia do punk (e de outros gêneros socialmente engajados, como o rap) sempre foi ajudar a abrir os olhos dos seus ouvintes para o que está acontecendo no mundo, por mais que isso tivesse que ser feito sem quaisquer papas na língua. Fazer com que as pessoas formem suas próprias opiniões, que questionem, que não aceitem simplesmente o que lhes enfiado goela abaixo. Faça a sua revolução das idéias, dos argumentos, mude a sua vida e o seu espírito. Mas, repetindo a frase anteriormente listada: cada um faz e entende a revolução do jeito que quer. Infelizmente, tem gente que não entende estas coisas muito bem. Punks ou não.

O MOVIMENTO PUNK


“PUNK NOT DEAD”


Para Shakespeare, punk significava prostituta. Mais tarde, no inglês culto, virou sinônimo de miserável. E hoje, o que é punk?


Por Vanderlei MUNIZ

Nos anos entre 1983 a 1994 curti o movimento Punk no seu auge aquí no Brsil, mas precisamente em Guarulhos, a história do movimento punk é tão contraditória quanto seus ideais e pontos de vista dentro do próprio movimento.
A versão mais aceita e conhecida é de que o movimento nasceu na Inglaterra em meados dos anos 60, no auge de uma das maiores crises econômicas que a Europa e principalmente a Inglaterra (acostumada a ser o pólo comercial da Europa) já havia enfrentado. Com as demissões em massa, a revolução industrial começava a mostrar seu lado frio e impiedoso. A selvageria do capitalismo era finalmente conhecida.
Os funcionários demitidos, sem nenhuma perspectiva de arrumar outro emprego, acharam uma forma de protesto “silenciosa” contra a industrialização (silenciosa, claro, até começar o movimento musical punk). Eles não concordavam com o ideal hippie; sua “luta” era contra a selvageria do sistema em que estavam. Suas roupas eram rasgadas pelo constante uso e seu visual tinha a intenção de chocar a conservadora sociedade inglesa da época. O protesto silencioso e sues adeptos foram apelidados, pelos jornalistas britânicos, de punk. Eram “os miseráveis contra a industrialização burguesa”.


Ramones

Quase simultaneamente, do outro lado do Atlântico, o movimento punk chegava ao continente americano, no início dos anos 70. Nos Estados Unidos, nas cidades mais caóticas (Nova York, Chicago, Detroit...), o movimento punk nascia, mas não sob o mesmo contexto de sua contraparte inglesa. A sociedade americana era, e ainda é, tão conservadora quanto à inglesa, da qual descende, mas seus motivos eram outros. Os punks americanos lutavam pela liberdade de expressão (que nunca existiu realmente no país), pela paz e pelo fim do racismo, dentre outras bandeiras próprias.
Graças ao regime militar, o movimento punk no Brasil é tardio. Só aparece por volta dos anos 80, já no fim da ditadura. Aqui, o fenômeno teve um outro rumo; se tornou mais uma das vozes contra o governo, há 24 anos no poder. Algumas coisas se mantinham do punk estadunidense, como a luta pela paz e pela liberdade de expressão.
Todos os três movimentos que, apesar de receberem mesmo nome, tinham “ideais” diferentes, partiam do mesmo princípio: o Anarquismo. Apesar do que se conhece como anarquia, o anarquismo prega uma estrutura social sem representantes, ou seja, sem governo ou autoridade. Promove a paz e a responsabilidade mútua. Todos os cidadãos são responsáveis pelos seus atos e o crescimento do “estado”, país. O anarquismo ganhou os sentidos de desordem, confusão, desmoralização, quando se tentou imaginar esta estrutura social em vigor, levando em consideração a sociedade já viciada em sua ambição e egoísmo. Estes conceitos ganharam ainda mais força quando os punks começaram a fazer uma espécie de distribuição de renda forçada. Era comum punks assaltarem pessoas e lojas para se manterem.

Sex Pistols

Hoje, o movimento tem outra atuação na sociedade. Um pouco mais aceito pela sociedade, o punk banalizou-se. Perdeu força, não é mais aquela voz estúpida e chocante com alguma influência. Hoje, poucos dos que se dizem punks sabem o que é anarquismo ou como interpretar a teoria anarquista. A música punk não tem mais a crítica social e as que têm, acabam caindo na banalidade, na mesmice, na falta de originalidade."Punk Not Dead". Isto é um fato, o movimento punk nunca vai morrer. É o auge da rebeldia adolescente. O movimento punk, romantizado por seus ideais igualitários, atende a todos os anseios da juventude até mesmo nas contradições, comuns tanto nos jovens quanto nos ideais punks. Mas onde este movimento vai parar? Pelo que vai lutar? Cairá na banalidade?