sábado, 14 de novembro de 2009

“Dia Nacional da Consciência Negra”



Dia 20 de novembro será comemorado o Dia de Zumbi, dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.


Mas são várias as contradições sobre o tema que é discutido e analisado socialmente nos dias atuais, seja no Brasil, seja pelo mundo afora. Os EUA elegeram Barack Obama, o primeiro presidente negro eleito em sua história, a renomada escritora afro-americana Debra Dickerson, diz que, por não ser descendente de escravos Obama não faz parte do grupo de pessoas que podem ser definidas como "negras". Dado ao fato de Obama ter mãe branca, muitos preferem chamá-lo de mestiço. Ora, acaso para ser negro é preciso ser descendente de escravos? Bom, se for assim a África tem um bocado de gente branca.

Num país chamado Burundi uma menina albina foi morta e mutilada em rituais mágicos, acreditam que os membros e órgãos dos albinos podem ser usados em poções mágicas para garantir às pessoas juventude, riqueza e poder.

Há alguns anos, aqui no Brasil um pedreiro foi preso por racismo. Devido a reclamação de seu contratante, que não gostou do serviço prestado, O pedreiro disse: “é por isso que não gosto de trabalhar pra preto”. Resultado, o contratante prestou queixa e o contratado foi preso. O fato curioso é que o pedreiro tinha a pele mais escura que o dono da obra que prestou queixa contra ele.

Outra questão que é extremamente falha e me soa meio racista é a idéia de cotas nas universidades e faculdades, porque não garantir uma boa educação de base aos pobres, sejam brancos, amarelos, índios, negros ou pardos, garantindo assim a possibilidade de competir de igual pra igual pela vaga no ensino superior? Outro dia saiu no noticiário o caso dos irmãos gêmeos que se inscreveram para o vestibular pelo regime de cotas, um deles teve sua inscrição como cotista aceita, enquanto o outro não... Mas eles não são irmãos gêmeos? Há muitas pessoas incomodadas com a cor da pele, que se auto-promovem 'defensoras' daqueles que consideram menos favorecidos por serem diferentes. Procuram as manifestações dos outros tentando combater o preconceito sem perceber que, ao fazê-lo, revelam o próprio preconceito. Brancos, negros, índios, mestiços, orientais diferem apenas na cor da pele, somos todos seres humanos, o que importa é a conquista dos valores fraternos, sem os quais ninguém consegue ter paz e viver melhor. Quando entendermos isso, aceitaremos as diferenças. Deixaremos de precisar de leis discriminatórias de cotas para minorias, pois não haverá mais preconceito. É por isso que devemos comemorar o “Dia Nacional da Consciência Negra” como o dia nacional de todos os brasileiros e brasileiras que lutam por uma sociedade de fato democrática e igualitária, unindo toda a classe trabalhadora num projeto de nação que contemple a diversidade engendrada em nosso processo histórico.



Vanderlei Muniz