sexta-feira, 2 de maio de 2014

OSTENTAÇÃO

OSTENTAÇÃO




Numa sociedade onde, ainda existem 16 milhões de pessoas vivendo na linha da pobreza, vivendo sem o necessário para atender às necessidades básicas, com carências e inseguranças, tornam-se presas fáceis para espertalhões que exploram as carências e necessidades humanas.
A ânsia de ter é tão forte que até mesmo os sentimentos subjetivos deixam de ser uma ação da alma para tornar-se uma posse. Quando sentimos algo, costumamos dizer: “temos amor”, ou “temos ódio”. Ou “tenho ciúmes” em vez de dizer “sinto ciúmes”. 
Embora possa parecer apenas formas de expressão, demonstram até que ponto o "ter" se enraizou em nossas vidas, obstruindo o "ser".
Sob o ponto de vista de uma sociedade consumista e aquisitiva, alguém que nada tem não é ninguém. As pessoas são avaliadas pelo que têm e não pelo que são.
Está aí a raiz da corrupção e da violência. Se para ser alguém, uma pessoa necessita ter algo, ela se torna capaz de fazer qualquer coisa, caso contrário, estará condenada a ser ninguém.
E, sendo ninguém, nada tem a perder, a própria vida perde o significado para essa criatura.
E quando a própria vida perde o significado, a vida alheia se torna ainda mais insignificante.
Daí se pode perceber a causa profunda da violência no mundo moderno.
Por mais que se implemente em educação, assistência social e recuperação de criminosos, a violência não terá fim enquanto for alimentada por essa tão aclamada ostentação.




Vanderlei Muniz





#OSTENTAÇÃO

Valores

Valores

“Os valores são violentados todos os dias por diversos meios e atitudes nos relacionamentos sociais”
 

Não é só a classe política que tem uma banda podre, boa parte da sociedade está apodrecendo a índices alarmantes. Político honesto é uma espécie rara porque o eleitor sério também está em processo de extinção.
Para o eleitor, o importante é que tenha sido beneficiado com migalhas que, dentro dos valores que imagina, ameniza o seu sofrimento por mais miserável que seja.
Os valores são violentados todos os dias por diversos meios e atitudes nos relacionamentos sociais. A mídia televisa colabora enormemente para essa inversão de valores e todos os problemas da inversão de valores apontados refletem diretamente na convivência de qualquer grupo social.
Na família, filhos não respeitam os pais que, na correria do dia a dia estão deixando a educação dos filhos em segundo plano, crianças de comunidades carentes ficam fascinadas pelos criminosos.
Para elas, esses indivíduos representam o poder e esses meninos desejam ardentemente ser como um deles.
Enquanto isso, as meninas sonham em crescer e tornar-se mulher de algum criminoso que tenha notoriedade na comunidade. Os casais já não têm os princípios essenciais a uma convivência duradoura e saudável.
Não há renúncia, compreensão e bem-estar entre cônjuges, pois o homem que renunciar será tido por “dominado” e a mulher se o fizer será titulada por “Amélia”. A todo o momento as pessoas são reprimidas por agirem com cordialidade, e simultaneamente incentivadas a transgredirem os princípios morais.
Quando alguém é notado em ações de bondade, é definido como pateta, e alguém que age maldosamente, por vezes recebe aplausos.
Temos, com certeza, um prognóstico de que a sociedade caminha a passos largos para um mundo amoral e repleto de conflitos, criando-se uma sociedade de tiranos. Só que os tiranos destroem a si próprios.

Vanderlei Muniz

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